quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Se [ ...] pergunto se tudo está bem,
De espelho a espelho,
Não é por vaidade:
Estou a procurado rosto que tinha
Antes de o mundo ser criado. W.B.Yeats

Monet (1840-1926) começou como ilustrador e caricaturista, atividades em que alcançou certa fama quando ainda era praticamente adolescente.

Em 1856 conheceu o pintor francês Boudin, que além de iniciá-lo nas técnicas da pintura paisagística ensinou-o a pintar ao ar livre, para captar melhor as cores e a luz. Três anos depois, mudou-se do Havre, onde vivia com os pais, para Paris, começando a estudar na Academia Suíça. Alguns anos mais tarde cursou a Escola de Belas-Artes, no ateliê de Gleyre, onde fez amizade com Renoir, Sisley e Bazille. Depois de uma tentativa de suicídio em 1868, Monet viajou para Londres com Renoir, fugindo da guerra com a Prússia. Lá conheceu
Daubigny, e por meio dele o marchand e dono de galeria Durand-Ruel. Seus quadros de Londres refletem o interesse do jovem pintor pela pintura oriental e pela fotografia.

O espaço e a perspectiva são obtidos pela contraposição de estruturas geométricas e um intenso contraste cromático. Depois da apresentação em Paris, em 1874, do seu quadro Impressão, Sol Nascente (1869) ele e todo o seu grupo de amigos foram mencionados por um conhecido crítico de arte como impressionistas e mais
depreciativamente como "a turma de Monet".

Aos poucos, foi abandonando as tonalidades escuras e tenebrosas de suas primeiras obras e adotou uma paleta de cores frias e ao mesmo tempo transparentes. Em Argenteuil, passa a pintar com Sisley e Pissarro, tanto no inverno quanto no verão. Além das paisagens, tentou incluir motivos da vida moderna, como as locomotivas. Deu início também aos seus célebres quadros de catedrais, de contornos quase inexistentes,
em que a forma é dada pela reprodução da luz e da cor.

A síntese de sua obra são os quadros que compõem a série Ninféias, especialmente o Tanque dos Nenúfares. Monet foi o mais puro representante do espírito impressionista.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007


''Criar é dar forma ao próprio destino ." Albert Camus

Criatividade
Jean Piaget
Existem dois problemas envolvidos em uma discussão sobre a criatividade. O primeiro problema é o das origens ou causas da criatividade. O segundo é o do mecanismo: como ele acontece? Qual o processo de um ato criativo? Como alguém cria algo novo? Sem existir antes, como algo novo pode surgir?
Gostaria primeiramente de dizer algumas palavras sobre as origens ou causas da criatividade. Está muito claro que a sua origem ainda é coberta de mistérios. De fato, alguns indivíduos são visivelmente mais criativos do que outros, mas isso com certeza não é apenas uma questão de genialidade. Na verdade, a origem da criatividade permanece misteriosa, mesmo que esteja presente em todos nós.
Agora é moda entre alguns psicólogos, quando eles se deparam com algo que é difícil de explicar, chama-lo de inato ou hereditário, como se esta fosse uma explicação. Mas absolutamente não é uma explicação, e desse modo só transferem o problema para o campo da biologia. E, na biologia, estamos muito longe de ser capazes de explicar qualquer tipo de atitude mental, que dirá a criatividade. Criatividade não é apenas uma questão de precocidade em indivíduos que se tornaram muito criativos. Os indivíduos não são sempre precoces. Mozart, é claro, é um dos melhores exemplos de uma alma precoce e criativa. Mas muitos outros se tornaram criativos muito mais tarde em suas vidas; foi bem mais tarde que tiveram as idéias mais originais.
O melhor exemplo disso é Kant. Por muitos anos, ele não foi um kantiano. A maior parte de sua vida passou como um discípulo de Wolf, e foi só nos seus últimos anos que sua própria originalidade emergiu. Então, a princípio, a origem da criatividade para mim permanece um mistério e não é explicável. Mas, como disse um momento atrás, todo indivíduo que realiza um trabalho e tem idéias novas, mesmo que modestas, cria-as no curso de seus esforços.
Algumas palavras mais sobre a origem da criatividade. No percurso da minha vida, tenho criado uma ou duas idéias e quando reflito sobre suas origens, penso que existem três condições. A primeira é trabalhar sozinho, ignorar qualquer um e suspeitar de qualquer influência de fora. Quando era estudante, tive um professor de física que dizia: "Sempre que você começar a trabalhar em um novo problema, não leia e leve em conta o que tem sido escrito sobre o assunto, fazendo as correções que julgar necessárias". Temo ter levado o conselho muito a sério, isto é, devo ter lido muito pouco. Mas para consolar-me, ou deixar de lado qualquer sentimento de culpa que possa ter, gosto de pensar na fala de Freud: "A maior punição que a divindade envia para alguém que escreve é ter de ler os trabalhos de outros".
A segunda condição que acho necessária é ler uma grande quantidade de coisas em outras áreas, e não apenas ler trabalhos da própria área. Para um psicólogo, por exemplo, é importante ler biologia, epistemologia, lógica, para que se possa promover uma visão interdisciplinar. Não ler somente no seu próprio campo, mas ler muito nas áreas próximas e relacionadas.
E um terceiro aspecto, e aí penso em meu caso, é que sempre tive na cabeça um adversário, isto é, uma escola de pensamentos cujas idéias algumas pessoas consideram erradas. Talvez cometa injustiças e as deforme tornando-as adversárias, mas sempre tomo as idéias de alguém como um contraste.
Meus principais contraditores são os positivistas lógicos ou empiristas. Eles têm sido meus adversários por toda a vida. Por exemplo, a atividade do sujeito, o sujeito do conhecimento, é minimizada no positivismo lógico, embora do meu ponto de vista a atividade do sujeito seja realmente o centro do desenvolvimento da inteligência.
A meu ver, conhecimento é uma estruturação da realidade, e não simplesmente uma cópia. O desenvolvimento da inteligência não é simples questão de associações empíricas, mas uma construção por parte do sujeito. Então, como disse, em todo o meu trabalho o adversário tem sido o empirismo e o positivismo lógico. Posso não ser importante para o meu adversário, mas ele tem um papel importante para mim.
Agora gostaria de continuar com o segundo aspecto que mencionei, que é o mecanismo da criatividade. Acho que o estudo da psicologia da inteligência pode nos ensinar muito sobre esta questão. O desenvolvimento da inteligência é uma criação contínua. Cada estágio do desenvolvimento produz algo radicalmente novo, muito diferente do que existia antes. Desse modo, todo o desenvolvimento é caracterizado pelo aparecimento de estruturas totalmente novas.
(...)

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

" Nós possuimos uma alma capaz de curvar-se sobre si mesma;ela pode
fazer companhia a si própria" Michel de Montaigne

....'' Artista é somente quem sabe fazer

da solução um enigma "........